Tomei pé do quão à direita João Henrique (PMDB) guinou, este fim de semana. Primeiro, notei que a classe média, que o atacava mesmo na época em que seu governo era bom, ao menos para os mais desfavorecidos – notei que esta classe média agora o apóia com o mesmo fervor que apoiava Imbassahy. É aquela classe média com nenhum consumo estético ou crítico, e que arrota que “Mário Meirelles não faz nada” mesmo quando a cidade vive simultaneamente 5 eventos culturais de proporções internacionais, abertos, públicos e gratuitos.

A classe média que é carlista não por ideologia, e sim por falta de.

Depois, uma amiga minha, carlista ideológica, disse que vai votar em João Henrique “sorrindo!”. Há pouco mais de um mês, ela queria ver o satanás, mas não queria ver JH.

Por último, essa tentativa de embargar a construção do Hospital Estadual do Subúrbio, trapalhada típica de JH mas que ele quer, ideologicamente, dizer que foi erro de Jorge Solla. Jorge Solla que até na Organização Panamericana de Saúde já trabalhou, esquecer de incluir documentação de licença ambiental? João Henrique pensa que todos são oligofrênicos como ele?!

João Henrique é o fio-descapado que a classe média de baixa instrução da soterópolis (aquela que sustentou a industria monocultórica e ditatorial do axé-music) vai agarrar, pra evitar uma “guinada a esquerda”. Salvador, que deselegeu César Borges (carlista) elegendo João Henrique em 2004 (à época, pasmem!, anti-carlista…), que elegeu Lula com mais de 90% de seus votos no segundo turno e mais de 70% no primeiro – esta Salvador talvez esteja com medo de ser/parecer de esquerda.

Não custa lembrar que fio-descapado foi Collor também, e foram Maluf e Jânio Quadros (este, inclusive, para Presidência da República, contra o moderado Mal. Augusto Duffels Texeira Lott); e quase foi Alckmin.

Esta mesma classe média, em menos de um ano, vai estar reclamando de tudo – mesmo que, como prevejo, um segundo governo JH vá ser até administrativamente menos pior do que o primeiro.

Por outro lado, pese-se que há um cansaço generalizado neste segundo turno. Ninguém aguenta mais! – e a esta sensação de estafa por parte dos eleitores comuns, inclusive os politizados, junta-se a sensação de “dever cumprido” por ter evitado que Grampinho (a.k.a.: ACM, O Neto) tenha ido a segundo turno.

Acontece que não há nada cumprido ainda. E pode haver algo pior do que o Carlismo: é um neocarlismo geddelista travestido de Lulismo! Já pensaram uma chapa arrasa-quarteirão Geddel-Paulo Souto em 2010? Não tem Governo Wagner certo, por mais consequente, democrático e administrativamente eficiente que ele seja…