Mozart nas Igrejas
Fui na segunda exibição deste novo e brilhante programa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Foi na Igreja do Carmo, em 24 de julho último, e não imaginava estar tão bom. Chega me arrependo de não ter ido mês passado, que foi na Casa Pia dos Orfãos de São Joaquim (na Jequitaia, Cidade Baixa).
O projeto é basicamente uma série de apresentações de obras de Mozart, pela Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), de dois em dois meses, em diversas igrejas históricas desta que é a mais antiga cidade do continente americano: São Salvador da Bahia de Todos os Santos. O projeto é muito semelhante a outro, realizado final do ano passado, pelo Coral Barroco na Bahia (que sempre monta ao menos uma ópera por ano, com solistas internacionais, no Teatro Castro Alves, essa obra-prima da arquitetura modernista brasileira na Bahia por Bina Fenyat e Diógenes Rebouças): o I Festival de Música Sacra da Bahia, no qual a cada mês se apresentava um clássico da música erudita religiosa na Catedral Basílica de Salvador (Igreja dos Jesuitas). O repertório abriu com uma extasiante versão para Glória, de Vivaldi, cujas fugas musicais encaixavam com perfeição ao maneirismo mastodôntico (o pé-direito tem fácil mais de 7m de altura) da Catedral. Depois seguiu com Bach, Scarlatti, e terminou com o Réquiem de Mozart.
O Mozart nas Igrejas está musicalmente melhor. Primeiro que Ricardo Castro a frente da OSBA não é apenas Neojibá, Arthur Moreira Lima rodando o sertãozão de Irecê, etc. É também novas seleções públicas para músicos da OSBA, o que não ocorria há quase década; é permitir que estes músicos tenham dois vinculos públicos, já que muitos estavam na Sinfônica da UFBA (federal, portanto) como técnicos ou como professores.
O resultado é que as madeiras e os metais da OSBA não estão mais problemáticas; os sopros em geral estão potentes; os tímpanos mais alinhados e discretos. Ela caminha para deixar de ser aquela banda de chupa-catarro de cidade de interior grande como parecia nos últimos anos, e vai se tornando uma orquesta de envergadura continental (paciência: mundial mesmo só a OSESP: Sinfônicas custam muito caro!).
As próximas exibições serão:
08 de outubro – Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, que tem o mais belo interior eclesiástico do Brasil, com teto ilusionista de José Joaquim da Rocha
05 de novembro – Igreja de São Francisco de Assis, ordem primeira, cujo interior é completamente forrado a ouro
03 de dezembro – Catedral Basílica / Igreja dos Jesuitas.
A programação é diferente a cada vez, e só divulgada no dia. Mas, é Mozart!, e isso basta…