A Boa-Morte de Caymmi
Soube hoje de manhã, vindo para a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte em Cachoeira, que Caymmi morreu. Coincidência tão harmonicamente bela e incomum que só poderia acontecer com o buda-nagô. Mais ainda se pensarmos que hoje é Dia de São Lázaro – de Omolu, senhor das doenças, portanto.
Caymmi não morria antes talvez por preguiça de morrer – preguiça não como ócio, mas como negócio, como esta forma (altamente produtiva) de trabalhar que é bem baiana. Ou porque protelava sua morte para uma coincidência dissonante como um vento que assovia, como protelava por anos a conclusão de uma canção até achar o acorde perfeitamente incomum que tanto procurava e era no entanto tão óbvio.
A Casa Real de Oxum está em festa, lá no reino de Ifé, com esse monge chinês filho de Oxalá.
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