O Som das Sextas – XVIII
Uma questão que apareceu fundamentalmente no Cartel Sobre a Canção, especialmente na fala de Pedro Pondé, é se o rap/hip-hop poderia ser canção. Nele, melodia e letra se descolam completamente, e esta é avessa a refrões; não é cantável, dançável, ou assoviável.
Também isso mudou com a recente retomada nacional do formato-canção. GOG gravou com o “Senhor Canção” que é Lenine, e na Bahia o Baiana System tem feito um som pra carnaval, com pagodão, lambada e frevo-elétrico, só que com dicção de rap.
E vem do Ceará algo que faz o mesmo, mas com o baião, xaxado, e xote. O Ceará que, tradicionalmente fraco em produção musical e sempre refem das potências Bahia, Maranhão e Pernambuco, produziu gente recentemente como o Cidadão Instigado. A descoberta de novo é de Luciano Matos, um pesquisador incansável da contemporaneidade daqui e dalhures. É doce mas não é mole, e quer cair na boca do povo: Rapadura. Só tem três músicas próprias até agora, e só duas gravadas no MySpace – atenção especialíssima para Rima Junina.
Nesta abaixo, Maracatu De Cá Pra Lá, o termo maracatú não tem a ver com os baque soltos e virados de Pernambuco. Antes, é uma referência ao forró pré-gonzaguiano e pré-jacksoniano da paraibana de João Pessoa (interior portanto, já que a capital de fato era então Campina Grande) Marinês, do finado e lendário grupo Sua Gente – figura que recebeu a vida toda elogios rasgados de Gonzagão e de Antonio Maria, embora hoje esteja meio no ostracismo sub-rádio-am.
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