Como ser primeiro colocado em votos e rejeição ao mesmo tempo?
Atualmente, sou capaz de apostar que Grampinho (vulgo: ACM Neto) do PFL (vulgo: ARENA) não ganhará as eleições da Capital Barroca. Não obstante, não creio que ele caia (muito). Ele apenas não crescerá (dada a sua estatura anatômica, parece ser uma maldição genética toda sua).
Por que afirmo isso? Porque Grampinho é o único candidato a ter votos ideológicos: quem vota nele são os carlistas convictos, de todas as classes sociais, ponto. Não só o voto nele é ideológico, como o voto contra ele também é: daí sua enorme rejeição. Com uma diferença: sua rejeição cresce vertiginosamente, de cerca de 20% para mais de 30%; sua intenção de voto apresenta discreta queda.
Disse num último post que todos os candidatos esse ano, na Cidade da Bahia, ocupam um lugar claro no escopo político direita-esquerda. Mas isso não significa que sejam ideológicos. Grampinho é ideológico até na escolha dos temas (a segurança pública é a bandeira prínceps da direita conservadora, desde a III República anti-dreyfusista até Bush, e inclua-se o golpe do Estado Novo) e na sua forma (a valorização hostensiva da família como valor intrínseco – a esquerda, pela vida cotidiana comunitária dos proletariados, insiste muito mais no tema da amizade, podem notar; enquanto o centro tende para o legalismo e a civilidade).
Aqui, vale um adendo. Grampo tem enxido a boca pra falar de “minha vó Arlete”. Se ele tivesse respeito por ela, não faria isso. Dona Arlete Maron é das mulheres mais elegantes e polidas com quem já estive. De uma discrição que estava nos antipodas das bravatas de seu marido morto, Toninho Malvadeza.
Se este que vos diz, e este espaço, se declara de esquerda, é mais no sentido de uma esquerda aristocrática. Pra mim, a civilização é um valor mais importante e primeiro que a igualdade – acontece que não acho que ela seja alcançável sem igualdade, mas também esta não o será sem uma mentalidade de cortezia e urbanidade. Assim, posso dizer claramente que admiro a postura heráldica, aristocrática (no sentido platônico do termo) de Dona Arlete Maron. Nosso esquerdismo é sem pobrismo: defendemos, por exemplo, o direito de todos os cidadãos de tomarem um pote grande de Häagen-Dazs por mês (mas nenhum tomar mais de dois). Distribuição dos luxos é também socialismo.
Dito isto, voltemos a Dona Arlete. Esta mulher tolerou de tudo. Até ser traída em nível nacional, com um caso de ACM publicado na capa da Revista (?) Veja, e que Antonio Carlos não só não desmentiu, como assentiu dizer tratar-se de “sua namorada” (também ela, a época, casada). O episódio foi durante o escândalo dos grampos de Kátia Alves, escândalo esse que deu a Grampinho a alcunha de Grampinho. O mínimo que se esperaria de um neto amoroso é que ela não fosse usada politicamente de novo! – a não ser que ele seja mais parecido com o Avô do que ele quer fazer crer (ou do que ele de fato crê).
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