O Som das Sextas – X
Mantendo o clima de Diáspora Negra, o Som das Sextas de hoje traz uma das maiores sambistas do Brasil; e entre todas, a mais jóvem. Seu estilo lembra Clara Nunes, no mesmo sentido que a Bahia é Minas com mar (no dizer de Darcy Ribeiro). E uma sambista sobretudo bahiana, do Recôncavo. O samba não tem nada assim desde Riachão e Dorival Caimmy. Batatinha, um gênio, não era exatamente um sambista bahiano: tinha mais a ver com Lupcinio Rodrigues e Cartola do que com Tonho Matéria ou Valmir Lima.
A santamarense Mariene de Castro, ao contrário, faz, como gosta de dizer, música bahiana na Bahia:
E quase sempre assim: cantando uma Bahia que não existe mais. A Bahia dos bondes do ponto dos 15 Mistérios; do elevador do Taboão; do Vapor de Cachoeira e do trem de ferro pra Alagoinhas (que Euclydes da Cunha dizia que era a cidade mais aprazível do país).
Parte desta Bahia continua viva, camuflada na falsa modernidade pitubana. É a Bahia que desce de branco pra Lavagem do Bonfim; que faz samba na antiga residência de Batatinha no Largo dos Aflitos. A Bahia da galinha de cabidela do legendário Restaurante Porto Moreira, no Largo Dois de Julho – o português mais mulato do mundo.
Mariene é também ela uma das precursoras do pós-axezismo. E resistiu – fazendo canções.
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