O Som das Sextas – IX
Este é um ano em que a Diáspora teve perdas sequenciais: morreu Mãe Hilda do Ilê Axé Jitolu, sede sagrada do Mais Belo dos Belos, o Vulcão da Liberdade, Ilê Ayê; morreu Ramiro Musoto, uma das faces platinas da Diáspora que tanta relação tem com o Prata, desde a Guerra do Paraguai até a ditadura de Gualtieri.
E, sábado passado, como se os eguns cobrassem um preço pelo estrondoso sucesso da Orkestra Rumpilezz em São Paulo, Nanã Buruku leva Neguinho do Samba pelas mãos.
Ah, se não nos desses seus tambores, o que seria de nós – cidade a cantar, Salvador?! Ninguém me vai negar que Rosa é canção.
O samba-reggae, na raiz do axé-music (antes de ser desvirtuado por este, como também foi desvirtuado o frevo elétrico), foi um grito de liberdade, uma afirmação racial e do povo bahiano em dimensões trans-atlânticas novamente. Um terceiro tempo desta resiliência cultural que vem do Afoxé Filhos de Gandhy, ganha dimensão política com os dito Blocos Afro (Malê De Balê, o extinto Badauê, etc.) – mas só com o Olodum sai do gueto, internacionaliza-se.
Não há muito mais o que dizer: We Miss Him.