O Som das Sextas – VIII
Aláfia! É o que posso desejar à Orkestra Rumpilezz hoje – que amanhã, 31 de outubro, lança seu primeiro (de muitos, esperamos) discos no SESC Vila Mariana, em São Paulo, às 21h, e novamente no dia 1º de novembro, às 18h. Aláfia: caminhos abertos, por Exú Elegbó, nas águas de oxalá. Aláfia: todos os 17 ibis, todos os búzios, de todos os santos, caidos com a sua abertura natural para cima. Aláfia: o agrado dos deuses no jogo do Ifá.
São Paulo terá a oportunidade ímpar de conhecer aquilo que eu, Ed Motta, Joe Ferla, e outros, reputam a coisa mais importante do jazz mundial desde Winton Marsalis e o Conservatório de New Orleans. Ou, como disse Rex Crotus, baterista do Retrofoguetes no lançamento (antológico) do disco ChaChaCha no Teatro Castro Alves, ao convidar a Rumpilezz ao palco: “a coisa mais revolucionária da música brasileira em décadas”.
E eu completo: a melhor big-band de jazz do país, de todos os tempos – com todo respeito ao Zimbo Trio, Spok Frevo Orquestra e a Bomba do Hemetério.
É jazz com pagodão, com ijexá, com toque de angola, com vasse, com barra-vento. É great-jazz no samba-reggae, na cabila, no samba-duro do Recôncavo. É jazz-sinfônico malê, nagô, yorubá, jeje, fon. É jazz imagético, da Salvador que se esconde no vale da Barroquinha, na Feira das Sete Portas.
É a Bahia a plenos pulmões! O meta-mundo do pós-axé, que reune a cozinha de Ivete e Daniela Mercury (Maestro Letieres Leite & Emerson Taquari, o mais dileto herdeiro de Cacau do Pandeiro), do Neojibá na tuba, da Jam do MAM no spala André Becker – a ponte entre o Ilê-Ayê e os neo-Dodô & Osmar do Clube da Guitarra Bahiana.
Este blogueiro vai. Quer ver a paulistada se remexendo ao som de Taboão. Quer ver nego se arrepiar com, tocando a Grande Mãe, os clarins anunciadores entrarem por traz claramente evocativos do Padê de Exú dos Filhos de Gandhy. Vai ser a mais elegante das xibietagens!
E que não reste dúvida: O samba nasceu na Bahia!
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