O Som das Sextas – VI
Num mundo empestiado de bandas Emos, de cabelinhos lisos e bem-cortados, sotaques paulistano-paranaense, melodias óbvias, batidas idem, e letras de dor-de-corno de homens que se humilham por mulheres, eles vieram pra pelo menos contrabalancear.
A Salvação veio de Salvador da Bahia: terra santa e puta, como eles lembram que devem ser as mulheres.
Com pele mestiça. Cabelo desgrenhado, um tanto sarará, com óbvio pé na senzala. Calça suja e roupa velha, de quem encara o buzú Daniel Lisboa – Barra 1, todo santo dia, no Acupe de Brotas. Xibietaram o rock, e enrockaram a xibietagem.
E deixaram de se humilhar. Xingam nas músicas, como só bahiano sabe xingar. E, embora um tanto feios, não se queixam de não estarem comendo ninguém.
No lugar das bandas hiper-produzidinhas com “música de trabalho pra tocar no jabá da rádio”, eles preferem ficar Vivendo do Ócio.
A mais jóvem (e virulenta) flor do pós-axezismo ganhou o Video Music Brasil na categoria Aposta MTV – a MTV tá atrasada: a gente aposta neles tem um tempão! Dá até pra compensar a injustiça de não premiarem o Retrofoguetes na categoria Instrumental.
(Quem aí diria, há 4 ou 5 anos atrás, que teríamos duas bandas de Salvador concorrendo com força no Video Music Brasil?! Pós-axezismo é isso. Não vê quem não quer).
Pra arruinar com essa melosidade sulestina, uma bomba nessa sexta-feira em que se inicia o Festival de Lençóis (BA): escuta aqui sua maluca!, tá pensando que eu sou o quê? – Fora, Mônica!
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