O Som das Sextas – V
Para uma Olimpíada Imperial
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Hoje, talvez (eu diria, provavelmente), o mundo vai passar a ter uma Olimpíada Imperial. Imperial pelo tamanho. Pela nobreza – de Pedro II a Cartola. Pelo requinte – do Leblon a Laranjeiras de Machado de Assis. Numa cidade que não cessa de se exceder – que não cabe em si de tanto sim. Tudo no Rio de Janeiro é excessivo, sem ser em excesso.
O Rio que sabe ser a cara diplomática da nação, interna e externamente. Eu poderia, por isso, hoje, escolher Xote Guanabara, do paraibano, cosmopolita de Campina Grande (então a maior e mais industrializada cidade do interior do país), Jackson do Pandeiro. Eu vou embora; eu não aguento: o Rio de Janeiro não me sai do pensamento.
Dizem que há quem seja “contra o Rio” ou “a favor do Rio”. Como se o Rio de Janeiro fosse uma questão ideológica nacional, programática, central. E é.
Poderia, se a propria campanha do Rio Cidade Candidata 2016 não fosse uma profusão de belas canções com belíssimas imagens. Ao contrário do que supõem os incautos, não do Rio turístico – mas do Rio real, aquele que como a Salvador franca, não se abre fácil. E é muito melhor do que sua superfície.
Isto é fruto da recuperação da importância do Rio de Janeiro para o país e para o mundo – que não por acaso se dá na época em que Salvador faz o mesmo. O Rio de Janeiro, a cidade irmã-mais-velha da Bahia.
Vai ter gente dizendo que ao fim e ao cabo traz mais prejuízo que vantagem. E que ao fim e ao cabo é bom para as elites, o povão nem vê a festa. Quem diz isso não é bahiano, nem carioca, nem pernambucano. Quem diz isso não sabe o que é Carnaval. E não entende que na fome, um frevo de Armandinho ou a Furiosa Bateria da Salgueiro pode ter mais efeito que um naco de pão.
Talvez a gente perca. Mas e daí? A Floresta da Tijuca continua lá; a quadra da Portela e da Mangueira; a Confeitaria Colombo, e todo o bairro da Urca. Vai continuar lindo, e cada vez mais sendo.
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