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Sob os Tetos de Paris

Esta semana a Sala Walter da Silveira exibe dois longas em 16mm do mestre do Realismo Poético, René Clair.

Clair talvez seja o mais influente cineasta da Geração Pathé, fora da França. Tempos Modernos, de Charles Chaplin, é evidentemente inspirado em A Nós A Liberdade  (veja trecho em vídeo abaixo), obra-prima de Clair, e Buster Keaton se dizia admirador dele.

Este xibieteiro que vos batuca tem especial gosto por Clair, como já disse alhures. Quando o assisti pelas primeiras vezes achava que faltava algo: nem o rigor geométrico de Murnau, nem o dramático de Fritz Lang, nem a interpretação já pós-moderna de Keaton ou a investigação da relação imagem-som que Chaplin fez. Clair ficava no meio do caminho entre o teatro-filmado de Sacha Guitry e os devaneios art-nouveau de Marcel Carné e Jean Renoir. Ainda era pouco “americano” se comparado com René Clément. E não tinha a subversão anarquista de Jean Vigo. (pausa dramática: não deixe de clicar no link em Vigo e assistir o trecho de Zero de Conduta: como um filme sobre o serviço militar obrigatório, em preto&branco, pode ter cenas tão sublimes?! É como se Walt Disney fosse a guerra! Como se Hayaio Miasaky abrisse mão das cores! Vigo nunca será louvado em excesso).

Me parecia um cineasta “de menos”. Só que, de tanto vê-lo, e de tanto ver Trufaut elogiá-lo, comecei a perceber nele um cineasta “a mais”. Diria Humberto Eco que se trata de um “ornitorrinco”: antes de ser um pato sem penas, é uma foca com bico de pato. Além de ser o único de sua geração em que o título de Realismo Poético incide mais em Realismo e menos em Poético.

Assim, considero imperdível, embora sejam apenas dois filmes de menor expressão. Irei amanhã, como sem falta. Acompanhe pelo calendário aqui ao lado, ou pela programação aqui abaixo:

17h30
Por ternura também se mata (Porte des lilás, França, 1956)
Direção: René Clair
Duração: 96 min.
Elenco: Dany Carrel, Georges Brassens, Henri Vidal, Pierre Brasseur
Censura: Livre
Formato: 16 mm
Sinopse – Juju, solteirão boêmio, vive em Porte des Lilas (bairro de Paris). Certo dia, fugindo da polícia, um bandido se refugia em sua casa. Maria, sua grande paixão, descobre a presença do foragido e vai visitá-lo. Este se aproveita de sua ingenuidade romântica e a conquista. Ela consegue dinheiro para sua fuga e sofre uma grande desilusão.

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20h (Exceto dia 02 de setembro, é dedicada ao projeto Quartas Baianas)
O Milhão (Le Million, França, 1931)
Direção: René Clair
Duração: 83 min.
Elenco: René Lefèvre, Annabella, Jean-Louis Allibert, Paul Ollivier, Constantin Siroesco, Raymond Cordy, Vanda Gréville, Pedro Elviro, Odette Talazac, Jane Pierson
Censura: Livre
Formato: 16 mm
Sinopse – Endividado, rapaz vende seu casaco com um bilhete premiado no bolso. Desesperado atrás do bilhete, subirá até em um palco de Ópera.