A Sala Walter de Monsieur Hulot
Esta semana, a Sala Walter da Silveira (Biblioteca Pública dos Barris), exibe cinco longas e dois curtas-metragens do gênio Jacques Tati. Entre eles o imperdível PlayTime – filme feito em bitola 72mm (ao invés da tradicional 35mm), o que permite uma captação de detalhes em profundidade e perspectiva que só é apreciável em película e tela grande de sala escura coletiva.
Tati forma, com Buster Keaton e Charles Chaplin, a santíssima trindade do humor mudo no cinema (dos quais só Buster Keaton faz cinema mudo mesmo). Se Chaplin introduz a mise-en-cene do cinema falado, inclusive porque seus personagens falam em línguas que não existem (ou porque seus personagens são os únicos a não falarem nos filmes enquanto todos os outros personagens falam); Tati mantém o tipo de atuação e direção de Keaton: ausência de interpretação e emotividade, ingenuidade política, cinema anti-psicológico (como mais tarde Kubrick e Hitchcock viriam a fazer – e talvez venha daí a similaridade dos cénarios destes dois com os de Jacques Tati). Por outro lado, o cinema de Tati é plenamente sonoro, e a maior parte do humor advém da relação esdrúxula e irreal que cria entre a sonoplastia e a imagem.
Entre as obras-primas de Tati está Meu Tio, que nos anos de 1950 leva Hours-Concours em Cannes (que é quando a mesa de júri unanimemente vota em um filme, o que o exclui do campeonato). E, visionário, critica a sociedade do automóvel em Tráfego, e de quebra antecipa o cinema digital em Paradas.
Grande mostra na Walter, no velho estilão um longa por dia em várias sessões. Confira o cronograma abaixo – lembrando que a Walter cobra apenas R$4,00 a entrada nos dias de semana, e R$6,00 em fins de semana, sendo R$2,00 e R$3,00 as meias-entradas respectivamente.
22/08
17h30 & 20h – Meu Tio (Mon Oncle, França, 1958). Direção: Jacques Tati. Duração: 116 min. Sinopse – Sátira do cineasta à modernidade já vigente na Paris dos anos 50, procurando mostrar a felicidade das pessoas mais simples que moram nos bairros pobres da periferia, ao contrário da pressa e do vazio daquelas mais abastadas que vivem num mundo automatizado.
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24/08
17h30 & 20h – Playtime (França, 1967). Direção: Jacques Tati. Duração: 120 min. Sinopse – Um grupo de turistas norte-americanas chega a Paris, nos anos 60. Ali está também o hilário Mr. Hulot. Seu jeito inocente de observar as coisas acaba criando deliciosas confusões com as turistas que visitam a capital francesa.
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25/08
17h30 & 20h – Trafic (França, 1971). Direção: Jacques Tati. Duração: 97 min. Sinopse – O Sr. Hulot, desenhista de um modesto fabricante de veículos, desenha um caminhão com várias inovações e decide levá-lo à Exposição Internacional do Automóvel de Amsterdã. Para isso, sobe à direção do veículo, seguido por Maria, a jovem norte-americana responsável pelas relações públicas da fábrica, num carrinho esportivo.
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26/08
17h30 – Carrossel da Esperança (Jour de fête, França, 1949)Direção: Jacques Tati. Duração: 79 min. Sinopse – Uma vez por ano, uma feira traz, para o pequeno vilarejo de Sainte-Sévère, no interior da França, atrações como um cinema ambulante. Numa das sessões, François, o carteiro do local, assiste à projeção de um documentário sobre o serviço postal norte-americano e decide colocar o método em prática.
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27/08
17h30 – Parade (França, 1974). Direção: Jacques Tati. Duração: 85 min. Sinopse – Já pressentindo o avanço da tecnologia digital, Tati filmou Parade quase todo em vídeo. O filme foi financiado pela televisão sueca e filmado dentro de um circo.
20h – Soigne Ton Gauche (França, 1936), P&B, 12 min, 35mm). Direção: René Clément. Duração: 12 min. Sinopse – Roger, um agricultor, sonha em ser lutador de boxe. No pátio da granja onde trabalha, ele treina exaustivamente. Mas os combates acabam por falta de adversários. Escola de Carteiros (L´école des facteurs, França, 1947). Direção: Jacques Tati. Duração: 15 min. Sinopse – Rapidez e eficiência: essa é a informação que todo carteiro recebe. A missão é simples: reduzir a duração de uma ronda para chegar a tempo ao serviço postal. Curso Noturno (Cours du Soir, França, 1967), cor 30 min, 35mm). Direção: Nicolas Ribowski. Duração: 30 min. Sinopse – O filme apresenta vários números clássicos de Jacques Tati. Nele, o diretor ministra curso para executivos de uma grande empresa e demonstra estar aplicando seu arguto sentido de observação também com relação a si mesmo.