E isso lá é blog?!
O grupo de insatisfeitos com a gestão Marcio Meirelles na pasta estadual de cultura – aquele grupo que, no fim de semana em que a Neojibá foi ser aplaudida em São Paulo, e o power-trio Retrofoguetes fez show histórico no TCA a um-real a entrada e cinquenta-centavos a meia, faz passeata pra dizer que “a Cultura bahiana está na U.T.I.” – resolveu criar um blog.
É um blog que só tem postagens de mês em mês, e que não aceita comentários dos leitores. Isso mesmo: um blog que não interage com a blogosfera, nem com leitores. Assim, autocrático. Parece piada? – Eu não acho. É um sintoma do quanto de “diálogo”, que essa galera reivindica tanto, essa galera está tão pouco disposta a oferecer.
Triste mesmo é ver o nome do idôneo Fernando Marinho, que não participou da patacoada, mas teve papel diplomático fundamental para redirecioná-la a vetores mais apropriados (leia-se: o Prefeito João Henrique, que nem Secretaria de Cultura tem e cujas ações na área pra capital consistem em fechar teatros numa cidade já escaça deles) – triste é ver o nome de Fernando Marinho em um dito “manifesto”, por ser ele presidente do Sindicato dos Artistas. Ossos do ofício voluntário – dele e meu.
Estes artistas terminais (posto que estão na U.T.I., segundo eles mesmos dizem, e posto que levam teatros a falência, como o XVIII) agem como no século XIX em pleno século XXI – é a bélle epóque em plena era digital.: sequer desconfiam de como se faz um blog – que dirá, o que significa metodologia republicana de distribuição de verba de cultura através de editais públicos e transparentes. Ignorá-los seria o melhor a fazer – não fossem eles tão barulhentos, e não fosse o governo atual tão democrático.
A gestão de Marcio tem diversos defeitos: por exemplo, a negação do Secretário em fazer propaganda institucional, limitando-se a divulgação pela internet, faz com que o público dos eventos da SECULT aumente menos do que poderia – mas aumenta; a falta de traquejo dele com o Estado, aliado a um excesso de republicanismo, que o faz mandar tudo quanto é ordem de pagamento, qualquer que seja, para a Procuradoria Geral do Estado (PGE – o último bunker do carlismo), de modo que diversos pagamentos atrasam; e sua inicialmente claudicante gestão museológica. Além, claro, de uma administração da Sala Walter da Silveira, de cinema, que é uma mixórdia.
São pontos que, curiosamente, ninguém ataca. Os ataques ou são genéricos e nefelibatas, e por isso nulos – ou ataca-se justamente as políticas que não apenas dão certo como têm alto grau de reconhecimento pela população. Não há, no debate público, nada mais ineficaz.
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