O Mahler da OSBA
Amanhã, a Orquestra Sinfônica da Bahia executa a 4ª Sinfonia de Gustav Mahler dentro da Série TCA 2009, às 21h. Ingressos de R$60,00 a R$20,00 (R$10,00 a meia).
Executar Mahler é um desafio sempre. Especialmente para a OSBA, por dois motivos: Mahler representa todas as dificuldades estéticas que a OSBA tinha antes da gestão de Ricardo Castro. Arrastado, numa orquestra que sempre tocou em ritmo mais acelerado; com percussão homeopática, numa orquestra que sempre teve seu forte na cozinha; com rigor melódico na relação violinos X metais, numa orquestra que a 3 anos atrás tinha metais embassados e violinos desconexos.
Eu sei que todos estes defeitos foram superados. A abertura da Série TCA deste ano, com a execução de poemas de Hermann Hesse musicados por Richard Strauss (um mahleriano…) deixou isso claro. Mas também outros episódios: uma leitura mahleriana para Cavalinho de Pau, de Carlos Gomes, no último número do Mozart nas Igrejas; o próprio Mozart nas Igrejas, que embora nem sempre tenha sido execuções memoráveis, todas foram corretas e dignas desde ano passado.
A outra dificuldade é que Gustav Mahler virou uma marca-registrada da Sinfônica de São Paulo – e trata-se aí da melhor sinfônica da década, no mundo, quando John Neschling a comandava. A estréia da nova OSESP, na inauguração da Sala São Paulo (Estação Júlio Prestes), em 2002, foi com A Ressurreição (Sinfonia nº2), de Mahler. E já então foi memorável, embora didática. De lá pra cá, a OSESP se especializou em Mahler – e em Camargo Guiarnieri.
As execuções da OSBA para Guarnieri e Villa-Lobos têm sido dignas da OSESP: repertório não-óbvio (a escolha por exemplo dos 17 Açoites, do Villa, obra dramática e pouco conhecida ou executada), interpretações densas e tecnicamente firmes. Seguramente, a OSBA dará um show! – e provará mais uma vez que é das melhores sinfônicas do continente hoje. O que é muito para um grupo que, punhado de anos atrás, não conseguia enxer metade do Teatro Castro Alves.