Redimindo o Itaigara
Eu praguejo o tempo inteiro contra a anti-experiência urbana que são os bairros do Itaigara e Pituba: burguesoide, procriativo, alienado, des-bahiano.
Mas há no Itaigara uma honrosa exceção: o bar Caminho de Casa. Pra começar, tem o mérito de funcionar 24h sete dias por semana há mais de década – cousa rara hoje e antanho na então Capital Mundial da Mediocridade. Além disso o serviço é bom e bem-humorado, com funcionários identificados com a casa.
Estes dois fatos (funcionar 24h faz com que ele seja um meta-mundo de Salvador, tendo de mauricinhos e pagodeiros a rockeiro e viado) lhe confere um climão Rio Vermelho.
Fica no Shopping Boulevar 161, com projeto formalista ao melhor estilo Frank Lloyd Wright, de ninguém menos que Assis Reis, com jardins de Eduardo Jobim. (O Boulevard aliás é tudo que o Paseo Itaigara deveria ser e não é, com uma vantagem – o Boulevard tem 20 anos. Foi o último extertor do modernismo bahiano).
E, cereja do bolo, tem um café da manhã sertanejo aos domingos, das 6h às 11h, que tem entre outras coisas uma macaxera pra equivaler-se a Casa de Noca, em Olinda, Pernambuco. Um bolo de aipim que nem o que minha avó fazia. Punhetinha frita na hora, mungunzá e outras cousas. Todos falam do brunch do Grande Sertão, e é excelente de fato – mas carregado, cheio de bode assado e meninico de carneiro. O que, claro, lhe dá autenticidade. Mas o do Caminho de Casa, menor, mais sofisticado, não é menos autêntico, e ainda tem a sombra das casuarinas do belo projeto arbóreo do Boulevard – e custa ridículos R$12,00.