“Como se diz besteira com ares de coisa séria…!” – Oscar Niemeyer

Blogueiro sofre. A gente escreve A, nego entende o alfabeto. E mandam comentários desaforados e sem nexo. O que segue é um exemplo (que eu não aprovei enquanto comentário porque zelo pelo nível intelectual e de polidez desta bodega aqui):

Autor: riobaldo

Email: [email protected]

Comentário:
ehehehe, rendeu um ensaio. agora o pedro virou fada-madrinha de todo o grupo. isso é subestimar o talento de cada um daqueles que fez o Círculo.

Primeiro, vale ressaltar: ele assina com um nome em minúsculo, sem sobrenome, e com um email que não corresponde ao próprio. Ou seja: é fake – e troll. A Carta Magna de 1988 diz que é livre a expressão, vedado o anonimato; gosto muito dela e sigo a risca.

Refere-se ele a este post de ontem. Como qualquer um pode ler, não coloquei ninguém em qualquer pedestal mágico. Antes o contrário: tentei trazer alguma racionalidade para a discussão de algo que considero importante para a guinada cultural que Salvador deu nos últimos anos.

O que disse foi que Pondé foi capaz de dar organicidade ao talento de todos – que era enorme. E digo mais: não foi a primeira vez. Com o Scambo foi o mesmo: antes dele, era uma banda de cover de reggae; depois, uma banda que fazia leituras personalíssimas (algumas antológicas, como Tigresa, de Caetano Veloso) do cancioneiro brazuca, com roupagem heavy-blues. Portanto, não subestimei nem superestimei o talento de ninguém.

Mas, na leitura semi-analfabeta neste país em que se inclui digitalmente sujeitos que não chegaram a ler Machado de Assis (e sim, sou intelectualmente elitista: eu nivelo por cima), dá nisso.

Pra eles, qualquer racionalidade é tomada de partido e constituição de heróis – mesmo que se esteja fazendo o exato oposto! Já disse alhures e digo aqui que o problema do país não é direita ou esquerda, mas civilidade, impessoalidade e racionalidade. Capacidade de abstinência, transparência, coesão e coerência.

Numero este FEBEAPÁ como I porque sei que haverá mais. A idéia de fazer um FEBAPÁ do blog vem do excelente espaço virtual do sergipano Rafael Galvão.

Em tempo: eu nunca disponibilizo email de leitores. Mas quando lançam um FEBEAPÁ, merecem. Falar besteira tem de ter um preço subjetivo alto. Aqui, o espaço pra discordância é total – só que tem de ser bem embasada, lúcida e cordial. Tanto assim que como o próprio leitor reconhece, eu fiz um post inteiro (e longo!) a partir de comentários dele e da discussão por isso cerrada. E acabo de fazer outro.