Ironicamente, homófobo
De péssimo gosto o Bocket Show que está no Bar Marquês às quartas-feiras. Um desrespeito para com o público e o espaço – e nele, nem a talentosíssima Evelyn Buchegger vale a pena.
Tecnicamente leniente, sem nenhum esforço de domínio do palco ou do espaço, ou da dicção, ou da voz. Música mal executada. Stand-up comedy é uma técnica corajosa – o Bocket não passa nem perto disso. É uma obra covarde, muito mais próximo de um humor Zorra Total – aquele que você paga pra não ver, de graça, na Globo.
O auto-humor queer que existe em Sob O Céu De Paris e existia no excelente Trilha Sonora, aqui não passa de agressividade homófoba gratuita. Compreendo a tentativa do Marquês de se afirmar como um não-gueto, mas não é negando a liberdade e o respeito que isso se fará.
O Marquês tem sido um trampolin para novos formatos teatrais mais livres. Foi assim com o Trilha Sonora: quase um ano em cartaz, cinco versão, e depois foi para teatros e shoppings. Mas o Trilha tinha ritmo: entre uma cena de humor e outra, momentos de profundo lirismo; músicas bem executadas pra plateia cantar junto, e de fato cantava; total domínio do modelo de espaço cabaret.
Por respeito ao espaço Bar Marquês, mantenho aqui a propaganda do evento. Mas é ruim que dói.
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