Política de Museus em marcha
Começo a retirar parcialmente minhas críticas a atual gestão museológica do Estado. Por dois motivos.
Primeiro que a atual Secretaria de Cultura fez algo que me parecia impossível, até agora: 3, dos 4 andares do Solar Ferrão, hoje são ocupados por vultuosas exposições permanentes. Antes, era só o último, a Abelardo Rodrigues de Arte Sacra (fruto de um golpe anti-pernambucano de ACM, nos estertores do Governo Figueiredo). Hoje, se tem uma puta coleção de arte tradicional africana (Sala Claudio Massela) e de arte popular nordestina (Sala Lina Bo Bardi). Ficando livre apenas o salão de entrada, para temporárias.
É, sem dúvida, um modo de otimizar e democratizar o acesso a este espaço: une redução de custos de gestão, como melhoria de gasto, e efetividade de ações.
Outra é que parece que finalmente o Museu de Arte Moderna organiza uma exposição como nos velhos tempos: a retrospectiva de Carybé (que ainda não fui ver) contempla mais de 200 obras, entre textos (Carybé escrevia tão bem quanto Pierre Verger e Jorge Amado), fotografias, gravuras, diários, telas, esculturas – o diabo a quatro. Resta saber se será itinerante. E se vai pra algum grande centro, depois. Mereceria ir para Buenos Aires, por exemplo.
Não obstante, ainda acho ridiculamente anti-bardiano o cerceamento do acesso a praia do MAM (que aliás de nada adianta), e a não restauração da ponte do atracadouro, que permite acesso por barco (e que é usada, apesar do risco de desabamento e da interdição, pelos meninos da Gamboa – e às vezes por mim – como trampolim para o mar. Reitero que este uso é legitimo e se coaduna com o projeto bardiano de museu vivo).
Bem como, se ora elogio, é porque vejo pela primeira vez o MAM ser usado como museu de arte moderna, e não de arte contemporânea. Não obstante, ainda espero o dia em que Salvador terá um MAC – de preferência na Cidade Baixa.