Lula, ou o segundo beijo de Judas
Desde cedo tenho um principio ético: suporto as porradas que levo, porque sei que sou forte para aguentá-las e revidar, sozinho; porque tenho sangue frio e alta capacidade de recuperação. Mas tenho baixa tolerância quando se vilipendia, através de mim ou de modo semelhante ao que fui vítima, com amigos especialmente se mais novos e frágeis.
Que Lula caga e anda pro estado que mais lhe deu votos, historicamente, e onde ele teve sua maior vitória (derrotar o carlismo), todo mundo sabe. Nisso, ele repete algo de que a Bahia é vítima desde sempre: tida como forte e robusta demais para um estado nordestino, é relegada ao “se vire”. A gente se vira, é verdade – e ouve todo dia que Pernambuco é melhor, que Recife é uma metropole mais organizada, etc. Ninguém lembra que lá eles têm apoio do governo federal, qualquer que seja ele. Aqui, a gente só ximba.
Nisso também a Bahia é igual a Minas: nordestino demais pra ser sudeste, e com muito potencial de levante popular, Minas foi deixado a míngua sempre e sempre. Aécio não diz, mas diz, que a privatização da Vale por São Paulo foi um modo de enfraquecer Minas, politicamente. E se for presidente, já disse que reverterá para capital misto. (Atenção, tucanada: este esquerdista de nascença quer votar 45 em 2010! Mas tem de ser Aécio!)
É o mal dos estados de transição. Mas Bahia e Minas são de fato robustos, enormes, e ricos ao seu modo; o Maranhão, não.
O que faz Lula para o Maranhão? Nada. Ou melhor, o mesmo que fez na Bahia em 2008: apoia quem possa (quase) trazer de volta o coronelismo (aqui, João Henrique Carneiro, que brilha solitário na constelação dos neo-carlistas). No Maranhão, a quem tenho como irmão caçula da Bahia, ele traz mesmo, de braços dados, de volta o velho coronelismo, sem meias palavras. Explicitamente.
Há duas semanas, em reunião com ministros, Lula declarara que quer percorrer o país para apresentar a ministra Dilma Roussef ao povo. Ela é o principal nome para suceder Lula. Na visita ao Maranhão, deve, finalmente, conhecer a obra do PAC/Rio Anil. O ex-governador reclamava que vinha tocando a obra com recursos próprios, pois forças contrárias ao seu governo impediam a liberação da contrapartida do governo federal. Agora, com Roseana no poder, os recursos serão liberados com mais facilidade.
Ao longo de todo o seu governo, Lula só veio ao Maranhão uma vez: prestigiar o comício de Roseana, em 2006, em Timon. Apesar de o PDT ser da base a aliada, o comando nacional do partido não teve forças para fazer com Lula viesse prestigiar o governo de Lago.
(grifos nossos)
Mexeram com meu primo mais novo – isso eu não tolero. Vá dar cascudo em quem é do seu tamanho, Sapo Barbudo!
Que dizer? O Partido dos Trabalhadores é a UDN de tamancas! (só pra citar o velho Brizola). Jaques Wagner é uma exceção louvável nele, tal como Aécio o é entre os tucanos: o único quadro anti-neo-liberal no PSDB, ainda quando o neoliberalismo era moda.
E Lula não vale um tostão furado. Tomara que Dilma perca.
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